Dia dos Namorados

Hoje me inspiro na canção pra dizer que “fico assim sem você”: asa caída, avião sem asa, nau sem rumo, fogueira sem brasa, futebol sem bola, amor sem beijo, goiabada sem queijo, circo sem palhaço, carro sem GPS, beco sem saída, mala sem alça, panela sem tampa, cadeado sem chave, computador sem internet, quadro sem moldura, igreja sem torre, guarita sem sentinela, violão sem corda, poste sem luz, sol sem brilho, lua sem mel, mar sem sal, pão sem manteiga, torneira sem água, cacimba sem balde, anular sem anel, indicador sem direção, doente sem médico, aluno sem professor, lápis sem ponta, compasso sem régua, sino sem badalo, campainha sem som, aquário sem peixe. E ninguém me diga que estou repetindo “a mesma coisa 100 mil vezes dita”. Em linguagem amorosa, pooode!… E agrada. Bem ao gosto de Mário Quintana.
Então, passaporte sem passagem, pipoca sem guaraná, filé sem fritas, morango sem chantilly, foto sem sorriso, eira sem beira; beija-flor sem flor, bem-te-vi que não te vê. Adão sem Eva, Romeu sem Julieta, Dirceu sem Marília, Shrek sem Fiona, Joaquim sem Ana, José sem Maria.
Sem você, fico por aí todo jururu, acabrunhado e, mesmo acordado, a sonhar com você, querendo deitar no seu abraço, retomar o pedaço que me falta no coração. À noite, se estou sem você, a solidão é o meu pior castigo. Eu conto as horas, mas o relógio fica de mal comigo. As horas não passam. Por que é que tem que ser assim, longe de você, se o meu desejo não tem fim? É que ninguém fala como você. Nem mil alto-falantes.
E faço também o papel daquele menor aprendiz, numa agência do Banco do Brasil, no interior, que enviou um cheque à sua namorada, nessa data. Preencheu o cheque, perfumou-o e o enviou pelo correio. Recebido o cheque, sua amada, acompanhada da mãe, dirige-se ao banco. O caixa se recusou a pagar o cheque porque o valor em algarismos não correspondia ao valor por extenso. Dada a insistência da mãe, o caixa resolveu consultar o gerente. Por extenso, estava escrito: “oito mil beijos e quinhentos abraços”. Mas, pergunta-se: – Quando ocorre dúvida, o extenso não prevalece sobre os algarismos?
A regra é clara. E hoje é Dia dos Namorados!…

 Prof. Antônio de Oliveira
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