Merecida homenagem, ao poeta Luizinho!!!

 Boa Noite, Marilia!
Grato pelo convite para o V Salão do Livro Vale do Aço. É bem possível que eu apareça pelo menos por um dia. Amiga, fui homenageado pela Secretaria de Cultura e pelos  Escritores de Sete Lagoas,  dia 12  de março, em comemoração ao dia da poesia. Tudo de surpresa. Enganaram-me direitinho. Este agradecimento foi gravado e não me esqueci de vocês. Abraços, Luizinho. (enviado por e-mail em 31/03/2011).

 Agradecimento

Dizem que o agradecimento, não aquele semiautomático, anda desaparecido.
Muito pensei na arte de agradecer… Digo-lhes que, como fala o povo, agradecer de ou com o coração, como queiram, é dificílimo. As mãos e pernas tremem. A saliva seca. A garganta trava-se em um nó. O peito arfa. O coração dá saltos de cavalo xucro. Os olhos teimam, insistem em marejar. Contudo, não posso silenciar-me.
Como não agradecer aos meus pais, se são eles os responsáveis pela minha existência e terem me ensinado a caminhar pela vida…  Às minhas irmãs e aos amigos que também já se foram. Foram que nada! Pais, irmãs e amigos aqui estão. Estou convicto de que, espiritualmente, marcam presença e me apoiam assim como os irmãos que não puderam comparecer.
Não posso esquecer-me das minhas mestras do primário: dona Margarida, Salomé, Lourdes e Olga. Permitam-me lembrar-me nas pessoas dos amigos Magno, Nélson, Hélio, Osvaldo, João, Ilza, Marília Lopes e da Soraya, de todos os entrerrianos, principalmente, das crianças que por lá declamam meus poemas nas escolas. Da Marilia Siqueira, da Cida Pinho e demais membros do Clube dos Escritores de Ipatinga. Do tio Valinho e família, da dona Gema, da Cleonice e da Lélia de Conselheiro Lafaiete, pelo incentivo e amizade que me dedicam.
Tenho, também, o dever de eternamente me lembrar dos amigos e colegas dos Correios. Recordo-me do dia em que a Joseane me perguntou: senhor Luiz, me desculpe, mas o que o senhor tanto escreve e joga fora? E eu lhe disse: bobagens. Escrevo para esvaziar a cabeça. – Posso ver? – Sim. Leia, e jogue fora.
Após a leitura, ela sai a mostrar o poema e a dizer: vejam, ele ia jogar fora. Não pode! Tem que ser publicado!
Aqui começou nossa participação nos concursos. Digo nossa porque a turma é que escolhia os poemas a serem inscritos e lhes dava nomes. Além disso, a Joseane, sempre que possível e necessário, é quem e declama por mim diante dos jurados.
E eles, prezados ouvintes, os meus amigos dos Correios  seus familiares, dispensam-me tanto carinho e amizade que, ousadamente, sem sequer lhes pedir permissão, uso deles, em forma de gratidão, algumas características em minhas personagens, ao escrever contos ou romances. Do Nélio, coloquei no Zé de Arimatéia “o riso curto e o olhar matreiro”. Da Nairzinha, que me ensina literatura, roubei “o olhar de estrela lavada pela chuva” e o coloquei na Rita e no poema Santa diabrura. Da Linelma, “o de estrela que brilha no topete da serra, cheio de paz, esperança e calmaria”. Da Joseane, me apropriei do “olhar de ver o longe, pois o perto já conhece” e o coloco, vejam, que ironia, nos olhos de um jagunço. De Fernando Pizani, que muito fez para que eu entrasse para a Academia Sete-Lagoana de Letras, faço um coronel, o Teotônio. Homem de boa paz. Amante de uma rede e dono de uma varanda sem tamanho. Contador de casos, mas pronto para a guerra. E assim procedo com a Carlinha, Lúcia, Daniel, Rejane, Wanessa, Júnio, Ranieri, Juvenal e com todos os demais.
Como não falar do Mura? Todos sabem que é um grande artista e poeta, pois perpetua, em seus quadros, lindos poemas. É um dos divulgadores das minhas obras. Sempre as declama por estes rincões. É ainda o responsável pela minha entrada no Clube de Letras de Sete Lagoas. Eu o imagino, Mura, falando sobre mim com a Mariza…
Passa o tempo. Um dia, dona Mariza chega aos Correios e me convida para participar do Clube. Digo-lhe que não tenho estudos. E ela, com toda ternura, me responde: senhor Luiz, você pode não ter estudo, mas tem o dom. Podemos aprender rimas e métrica, mas o dom da poesia nos é dado por Deus. De lá para cá, se tornou minha madrinha no meu caminhar pelas letras. Indicou-me para a Academia e muito me tem ensinado sobre a arte de escrever. Por falar em ensinamento, confesso-lhes que muito aprendo com os participantes do Clube e da Academia. Como não aprender com escritores do quilate de Rosana, de João Drummond, de Célia Guimarães, de Carnot, de Márcio Vicente, do doutor José Augusto de Farias e com a professora, sonetista e trovadora, a senhora Mariza da Conceição Pereira e com todos os que fazem parte desses sodalícios. Não posso deixar de agradecer a minha irmã e madrinha Elza que também foi minha professora e que sempre está e comigo viaja a todos os lugares, quer eu seja ou não premiado. Ela que se emociona. Que ri e chora quando recebo um prêmio. Madrinha, continue me abençoando. Deus há de recompensá-la!
Pensam que me olvidei da minha esposa, dos meus filhos, das netas e dos genros? Como? Se família e amigos são bens que levo no cantinho do coração. A eles, agradeço o carinho, o amor e a gratidão que me dispensam e a paciência de me suportarem com o meu jeito desorganizado, isto é , bagunçado de viver.
Disse-lhes que agradecer com a alma e com o coração é difícil. Vejam, em pensamento, fui ao casebre de pau-a-pique do Ti’zé, um morador destes sertões. Dele ouvi que agradecer é pedir a Deus pelos que nos fazem o bem e, sempre e sempre, retribuir a gratidão recebida. E ele ainda me contou um segredo…
Assim sendo, se acheguem, prezados ouvintes e todos os residentes em Sete Lagoas, em Entre Rios de Minas e, também, os amigos de outras cidades, pois quero lhes dar o meu abraço estreito e carinhoso. Peço-lhes ainda, pela homenagem que hoje me prestam, que me permitam, como forma de agradecimento, depositar em cada quartinho do coração de cada um de vocês, o segredo: paz, amor, carinho e o meu singelo Deus lhes pague.

Luiz Dias Vasconcelos – Agradecimento proferido durante a solenidade.
Sete Lagoas-MG, 12 de março de 2011