O País, o Caos
Embrulha o estômago com
a urgência que nunca antes acontecera.
Vida e morte estão no limite.
Tem-se o revólver, o músculo, o estilete, a bomba,
a palavra rasteira, o bofetão.
À beira do precipício
o tempo voa, ou
um segundo é aquela eternidade.
O mundo inteiro não vale a mão estendida,
o cenho franzido, o braço, o anzol, a vida,
a ferramenta, o carro blindado, o automóvel, o avião.
Ninguém vai me levar na conversa: o padre, o juiz,
o deputado, o professor, o capitão.
Meu coração é livre como um pássaro
alvejado em plena trajetória.
A poesia não convence
mais que o gatilho, a truculência, a rendição.
Um lado agressivo morre de fome simbólica,
contundente, libertária.
Outro lado arredio morre de medo visceral,
aprisionado, estarrecido.
Moacir Chrisóstomo – Poeta de Ipatinga – MG