Para uma Grande Educadora e um Ipatinguense em alto mar…
Ano de 1975. Recém-casada, fui morar no Contingente, cujas casas e apartamentos recebiam seus primeiros moradores. Sentia falta de minha família, praticamente não conhecia ninguém por aqui, tudo o que queria era ir embora. Aí, convenci minha irmã Marcela a deixar a sobrinha e afilhada Marines, a vir morar conosco. Que alegria, agora eu tinha companhia, tinha e quem cuidar… Com a transferência da menina na mão, atravessei a rua, entrei na Escola Estadual Santiago Dantas, ali perto da Delegacia, na Av. João Valentim Pascoal, (hoje um centro de recuperação antidrogas) e pedi para falar com a diretora. Expliquei-lhe que a menina iria morar comigo, que tinha dificuldade em Matemática, mas que eu podia ajudar, lecionara para a 3ª série na Escola José Madureira Horta, em BH, podia repassar toda a matéria com ela… A diretora, uma mulher clara, baixinha, de grandes olhos brilhantes e fala rápida, perguntou se eu não estaria interessada em pegar uma turma que estava sem professora. Até gaguejei, perguntando quando devia começar, e fui informada de que seria no outro dia, às 7h. Meu Deus, saí da escola com a cabeça dando mil voltas, eu tinha arranjado uma vaga para lecionar, – uau! – e na mesma rua onde morava!
Iniciei os trabalhos, que alegria, e comecei a me enturmar com as colegas, conheci Leila Neves, Divani Oliveira, Neuza Pivari e tantas outras… Então, comecei a decodificar Ipatinga, com suas nuances diferentes, seu início de vida cultural, seus segredos… E foi uma paixão só por esta terra progressista, que amo e amo!
Contei toda esta história, para ressaltar que aquela mulher, a educadora Maria Antônia Campolina Alves, ao me convidar para trabalhar na escola que dirigia, me abriu uma gama de possibilidades, já não sentia tanta solidão, já não queria me mudar daqui, foi ela, com seu convite e apoio, a pessoa que me ajudou a criar raízes nesta terra abençoada. Na época, eu também começava a escrever para o Diário da Manhã e, de repente, conheci muita gente, fiz amigos preciosos, e meus alunos e colegas da Escola Estadual Santiago Dantas me ajudaram a ser feliz! Sabem por que conto tudo isto? Vejam o e-mail que se segue:
Mensagem:
05/07/2010 02:33
Ozilio Cloves Santos
Agora são 2:00 da manhã e eu estou em uma plataforma de petróleo da Petrobras, a 77 km do continente e a 32 anos de quando eu tinha 8 anos e comecei a estudar na Escola Estadual Santiago Dantas. O ano de então era 1978 e uma das lições diárias na turma do primeiro ano da Tia Célia era escrever um nome portentoso: “Diretora Dona Maria Antônia Campolina Alves”. Estranhas são as coincidências deste mundo, pois eu digitei “Escola Estadual Santiago Dantas” no Google e me veio este texto de minha querida Ipatinga, longe no espaço e no tempo. Obrigado Nena de Castro Macunadru, sua crônica me fez viajar à minha infância e encheu de nostalgia o coração deste mineiro ausente que, por alguns segundos, se viu transportado para um tempo maravilhoso para o qual somente as boas lembranças que seu belo texto despertou poderiam levar. Por favor, mande um abraço para a D. Maria Antônia Campolina Alves e, se possível, para a Tia Célia, em nome de um eterno aluno.
Ozilio Cloves Santos- Serra-ES
Ai, o meu coração quase explodiu de felicidade, há um site de Literatura chamado RECANTO DAS LETRAS e nele, sob o pseudônimo de MACUNADRU, estão minhas crônicas e poemas, assim como de centenas de outros escritores. E não é que o Ozílio, ipatinguense ilhado numa plataforma da Petrobras, no litoral baiano, de repente sente saudade de sua escola e encontra referências em um texto meu, e através de mim, homenageia sua professora, Tia Célia, e a grande Maria Antônia, por quem tenho o maior carinho, e a quem Ipatinga muito deve? Eta mundo velho sem porteira! E nada mais digo!
Nena de Castro
Publicada no Diário do Aço – 22/06/2010