Soneto do Abraço Eterno
O tom do vinho que a taça embaça
a tez do teu corpo ele aos poucos toma,
não da pele um roubo, mas uma soma,
a te saltar dos olhos ar de graça.
E emerge do vinho teu corpo em coma,
sem se ver morrido meu corpo caça
e ao fundir-se a mim numa só massa
recobra atento o senso e o corpo doma.
Recai-te um medo a tintilar na taça,
dos movimentos não se faz mais dona
e o teu, meu corpo mais e mais abraça.
Desejo é o que do vinho vem à tona,
nele a manter-se sem nunca haver chaça
na espera de que o eterno se faça.
J.B. Donadon-Leal – Poeta Aldravista de Mariana – MG